Chegaram ao piso de cima daquele prédio, e sentaram-se à
volta de uma mesa meia oval, acastanhada, situada junto a uma janela ampla, no
fundo de um corredor comprido. Os raios de Sol entravam pela janela, uma janela
parecida com a que todos os dias o rapaz abre para ver a Lua no seu quarto. No
entanto havia outra semelhança naquele ambiente, senti todas as luzes quentes
que se fizeram sentir no quarto do rapaz quando ele tinha aberto a caixa de
cartão. Mas ele não estava no quarto.
Junto a essa janela havia uma planta, a planta que simboliza a
árvore da vida que todos os dias aquele rapaz vê do seu quarto.
Eram quase 13:16 minutos, hora que o relógio marcava quando
ambos subiram as escadas e de seguida sentaram-se.
Estiveram a conversar, a olhar um para o outro.
Havia momentos em que tudo era novo para ambos, e ficavam a
olhar um para o outro.
Ele disse-lhe que “um olhar valia mais do que mil palavras”
e que gostava de “estar ali, apenas a olhar para ti”. Ela pedia-lhe para ele “não
olhar assim” para ela, mas ele continuava, porque não conseguia resistir, era
algo que começava a não conseguir controlar.
No meio de um desses momentos apareceu uma professora, muito
simpática, com um sorriso na cara, atenciosa, mas não tanto como aquela
rapariga, a professora mais simpática que aquele rapaz já conheceu.
Ela talvez se apercebeu do que se passava ali, até perguntou
à rapariga quem era o rapaz. Quem não ia perceber o olhar de apaixonado que
estava estampado naquele rapaz, desde o primeiro momento?
Ela sabia o nome daquela rapariga há mais tempo do que o
rapaz, que apenas tinha sabido há pouco tempo, talvez uma semana, mas sabia que
começava pela letra mais linda do alfabeto. Talvez a professora não sabia desse
pormenor, mas talvez também desconfiava.
Ambos estiveram a falar dos cursos que o rapaz estava a
fazer naquele ano, “Mais do que um?”, só de tolos, mas de certeza não tinha ar
de estar a fazer um curso de letras. Ou tinha? Para escrever basta juntar amor,
um papel, e uma caneta. A professora de certeza sabia que afinal ele tirava
três cursos quando o viu, e sentiu toda a magia do amor nos seus olhos. Aquela
história seria uma história diferente das outras, que já foram contadas.
De modo que estiveram a falar algum tempo. Aquele ambiente
tinha de ser vivido apenas a dois, ela leu algures ali, como em mil textos de
amor que já interpretou aos seus alunos. Teve que se ir embora, mas antes pediu
à rapariga para não se esquecer de fazer uma coisa. Foi ali que soube que ela
era delegada.
Depois da professora simpática ir embora ainda estiveram a
falar durante algum tempo, sozinhos, sem preocupações, sem receios de viver o
momento a sós.
Ela contava-lhe…
13 JAN, 2017 0
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